O Coração da Cidade

21:03

«Era uma vez um habitante de uma cidade estranha e longe de todas as outras cidades, em forma de coração, chamado Co. Era clandestino nessa mesma cidade e, por isso, tinha mudado de nome para Cu. Ele gostava muito de comer ração, mas não tinha dinheiro.
Foi então que o pequeno Cu foi trabalhar para as obras, mas o patrão, era um quadrado (daí chamarem-lhe besta quadrada, por ser uma besta), pagava-lhe apenas nove euros à hora e não dava para comprar a sua ração.
Um dia, o pequeno Cu, ao fim de um mês após ter ganho duzentos e setenta e nove euros, foi uma loja onde havia à venda a ração que ele queria.
– Olá! – Disse o pequeno Cu. – Eu queria um pacote de ração grande. Quanto custa?
– Custa cinquenta euros. Só pode comprar este pacote se me mostrar o B. I. Como se chama?
– O… O B.I.?
E o pequeno Cu saiu a correr da loja. No dia seguinte, Cu mudou o seu nome para Co e levou o seu bilhete de identidade antigo.
Quando lá chegou, havia uma rapariga ao balcão. Ele pegou no pacote de ração e levou-o à caixa.
– Nunca mais baixam os preços! – Disse o Co, sorrindo.
A rapariga passou-lhe a factura e ele reparou que na factura só estavam quarenta euros.
– Quarenta euros? – Exclamou Co.
– Sim. Apesar de você não ser deste país – disse a rapariga, tentando não dizer que era clandestino – você é um coração com um coração muito grande. A partir de agora, você vai ser o coração desta cidade. Daí o desconto que fiz.
E assim nasceu a palavra coração e o coração existente em todas as cidades!»


Encontrei este texto numa folha, que a avaliar pela letra, tê-lo-ei escrito por volta dos meus doze anos. Não tenho qualquer memória de o ter escrito e de onde veio, mas sinto que existe alguma moral estranha escondida para lá das parábolas anais estranhas...

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