A tradução portuguesa dos livros das Crónicas do Gelo e do Fogo é uma valente merda.

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Certamente não posso ser a única a achar isto. Pois não?

Já vi falarem maravilhas desta tradução, mas a cada página, os meus olhos sangram. Lamento, mas isto está uma valente merda. E não falo apenas de questões técnicas de tradução (nem vou pegar na tradução de nomes próprios ou de cidades, que isso é só um pet peeve pessoal), mas na própria gramática portuguesa.

Os erros gramaticais, de sintase, conjugação verbal e um particular erro de tradução que este senhor comete são aquele tipo de erros que, se eu os tivesse cometido no secundário, levaria um raspanete do caraças da minha professora. Verbos mal conjugados, incoerências verbais na mesma frase, vírgulas mal colocadas (o resultado de um péssimo hábito de tradução, esse de copiar as vírgulas EXACTAMENTE como está no original, pois parece que a ideia de orações diferirem de língua para língua não prevalece), tudo isto causa-me espasmos, ou como costumo dizer, uma vaçente diarreia mental.

Lamento mas isto revolta-me. E porque é que me revolta? porque a merda de cada livro custa 20€ e são um total de dez em Portugal quando os originais são cinco. Por a Saída de Emergência adoptou uma edição toda pimp de folha grossa, letra de tamanho 14 e sempre uma média de 50 páginas no final que não interessam ao menino Jesus para ter uma desculpa para dividir os livros ao meio, e obriga o povo a gastar 20 € por cada merda de tradução destas. A obra está pejada de palavras como "duma", "dum", "daquela" que, SURPRESA, não é puta de palavra nenhuma. Puta é mais palavra do que "daquela". As vírgulas põem-me tonta e um caso particular deixou-me nauseada.

Caro Jorge Candeias:

Nem sempre party significa FESTA. Inserir a palavra festa num discurso de uma mulher selvagem numa converseta pós-coito com o seu amado levou-me a crer que me tinha enganado e estava de repente a ler o Diário de Sofia. Falar de festas num contexto em que nunca antes essa ideia foi referido é estúpido, não faz sentido. E porque é que eu digo isto? Porque conheço a escrita de Martin: sempre que um conceito novo é apresentado num mundo também ele novo, Martin apresenta-nos porque nós não estamos lá, porque o leitor tem de o conhecer.

O que Martin queria dizer com festa é aquilo que party significa: facção, destacamento pequeno. Rescue Party: destacamento de salvamento, grupo de salvamento. Num discurso directo em que a personagem diz que conhecer um rapaz de uma (e não DUMA, como tão gentilmente o diz) party, refere-se precisamente a isso: a um grupo de pessoas ambulante, a um destacamento de pessoas. E como é que eu sei isto? Primeiro: contexto lógico da história, não faz sentido falar de festas neste contexto (faria se a cena se passasse num castelo, diga-se), segundo: o que o raio da mulher diz a seguir: "Tinha vindo comerciar, com os irmãos". Se tinha vindo comerciar, party significa isso mesmo: UM GRUPO DE PESSOAS AMBULANTE. o que é que o senhor pensou, que tinham ido à FIL em Julho?

Foda-se, se vou pagar 20€ por uma merda de um livro, ao menos traduzam-no como deve ser.

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